Napoleão: mais amado na França ou no Brasil?

No Brasil é muito normal que um louco pense ser Napoleão. Pensei que pelo mundo também era assim. Claro que quando as pessoas "visitam" suas vidas passadas sempre estão se relacionando com grandes figuras, como Cleópatra, Julio Cesar, Jesus, entre outros... Ao perguntar aos franceses quem eram os loucos a resposta não foi Napoleão.
Na verdade Napoleão foi fundamental na história da França, mas não é mais admirado como o é no Brasil. É interessante ver como Napoleão construiu suas alegorias do poder e como pouco a pouco ele fois se transformando de personagem histórico, a mito e religião.









Quando Napoleão tinha 27 anos ele era representado como líder dos soldados, sempre a frente do batalhão, vestido com roupas militares, cabelos ao vento, a espada e a bandeira em movimento. Era a valorização do herói contemporâneo que estava em jogo. Esse quadro de Gross retrata ele atravessando a ponte de Arcole. No episódio real a bandeira caiu no rio durante essa passagem pela ponte, na pintura era já a construção de um mito que se desenhava.






Ao longo do tempo vemos vários quadros representando o personagem militar, como o de David, pintado em 1800, mostram as ações militares do futuro imperador francês. Nesse quadro o modelo das estátuas equestres foi retomado e um valor adicional é dado ao movimento. Nas pedras em primeiro plano temos os nomes de Anibal, Bonaparte e Carlos Magno.... Já vemos a linhagem onde o pequenino grande imperador quer se inserir, o espaço que ele busca na história...





Uma coisa interessante a se notar é que Napoleão nunca posava para seus pintores, ele queria um retrato idealizado que ao mesmo tempo revelasse o gênio criador do artista!

O mesmo David é o responsável pela pintura do quadro mais famoso, Le sacre de l'Empereur, de 1806-07. Esse quadro faz parte de uma encomenda de um conjunto de quatro outros, mas somente 2 foram pintdos, o Sacre e La distribution des Aigles. Mas como meu objetivo não é discorrer sobre as representações de Napoleão em vida, vou acelerar a história e mostrar o que foi feito após sua morte.




 O primeiro quadro que eu gostaria de comentar é esse de Werner, de 1840, que represneta Napoleão saindo do seu túmulo! Após sua morte, o mito representado nos quadros passa a ganhar dimensões religiosas!

Permeava na sociedade o desejo de sua ressureição, o quadro representa-o nesse momento, o segundo homem após Jesus que pôde sair do mundo das trevas para continuar sua missão histórica no mundo.













Essa gravura então, que chocante! Napoleão, o astro solar, a incarnação do homem no mundo contemporâneo. Essa obra de Dabos de 1812 anuncia a aparição de um novo deus. O quadro se chama:  "Astre brillant, immense, il éclaire, il féconde, Et seul fait à son grès tous les destins du monde".
Nessa época uma religião napoleônica aparece, temos até a invenção do dia de Saint Napoléon, muitos objetos populares surgiram durante do reinado de Luis Felipe (1830-1848), como retábulos de Napoleão que vemos na última figura.  O dia do santo Napoleão sai do calendário logo após o reinado de Luis Felipe, os objetos também desaparecem pouco a pouco.... Mas é interessante observar a evolução do homem ao mito e a santificação tão somente pela arte.

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