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Mostrando postagens de julho, 2011

se houvesse o remorso de serapião

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O segundo livro de valter hugo mãe que li foi o segundo escrito pelo autor, em 2006: “o remorso de baltasar serapião”. Nesse livro o uso das minúsculas é mais efetivo, criando a rusticidade do ambiente e a emenda entre fala e pensamento dos personagens. Narrado por baltasar serapião, um dos “sargas”, nome da vaca da família, a historia é de leitura trabalhosa pelos temas abordados, por sua forma e sua linguagem.    A historia não é datada, mas a contracapa do livro nos diz que se passa em uma idade média brutal e miserável. Eu dispensaria essa datação, deixaria o espaço e o tempo se construírem de acordo como o repertório de lugares e conhecimentos do leitor. A historia não necessita de datação, justamente por isso o autor não o faz. Ele dá indícios pelos personagens do “senhor” e de “el-rei”, entretanto podem ser apenas metáforas de um modo de poder já tão antigo e repetido. Veremos ao longo do livro como a condição de vida dos personagens não sofreram alteração em alguns lugares

A melhor técnica da coleção de Tavares

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Essa foi a segunda chance dada ao Gonçalo M. Tavares e ele foi aprovado . Aprender a rezar na era da técnica é um livro que alcança os resultados que Jerusalém apenas almejou/projetou. Mais uma vez a escrita é curta, matemática, precisa e os capítulos funcionam muito bem, aspergindo a história em pequenas doses de calculismo. Gosto do ritmo impresso à história. Uma maneira de leitura muito boa e adequada à ansiedade da velocidade. O personagem principal é calculista, frio e demasiado umano (tirei o h da palavra para criar uma nova categoria de homem). Lenz Buchmann (sobrenome do personagem de “O vendedor de passados” - curioso dois livros portugueses utilizarem esse sobrenome na mesma época de escritura ademais...) é um controlador mental, não admira o humanismo de maneira alguma e considera fracos os que têm medo, aprendizado da ditadura familiar de seu pai. Nada nele inspira compaixão por outro ser humano: como médico ele é apenas um técnico, com a precisão da mão que orques

Os sonhos da osga tigrada

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O vendedor de passados , livro de José Eduardo Agualusa , escritor lusofone entre Luanda e Lisboa é um belo retrato da memória. Sobre a construção da memória de alguém engendrando a reconstrução memória de um povo e de um país. É uma sátira daquilo que a recente descolonização provoca nos destinos. Um país que deve esquecer as mazelas do colonialismo, mas que se defronta com os problemas do poder permeado de brigas étnicas, que deve esquecer que passou pelo comunismo, mas que possui seus símbolos e hábitos ainda vivos em muitas pessoas, em suma, ao se refazer o passado de alguém, se modifica pouco a pouco a história de um país. Um negro angolano, que por ventura é albino, nascido em berço livresco, ninado sobre As Relíquias de Eça de Queiroz é o personagem principal da historia. Sua missão é a de reescrever passados: “Assegure aos seus filhos um passado melhor” diz seu cartão. Seu fiel companheiro, escutador de histórias, é uma osga, que habita e vive a casa onde moram. É quem melho