Jorgar-se no Mar de Banville


John Banville é um escritor irlandês que está na primeira metade dos seus 60 anos. Inicialmente (pouco) conhecido devido a sua fama de escritor para escritores, veja-se um pouco complexo, com o prêmio Booker Prize que obteve em 2005 por seu romance “O mar”

ele se torna um autor lido pelo público em geral. Uma barreira que foi quebrada para o seu bem e o da literatura. Ele também escreve romances utilizando o pseudônimo Benjamin Black, que possui uma escrita mais espontânea e prazerosa, se comparado à busca de palavras e ao trabalho de cada frase de Banville. Por isso mesmo, ler Banville e seu “La mer” em francês não é a mesma coisa que lê-lo em português. O prazer das palavras e da frase só se sente bem na sua própria língua (isso se a tradução for bem feita e mesmo assim o efeito não é o mesmo do original em inglês). Mesmo assim, só se pode ser elogioso ao falar de sua escrita. Ele escreveu três livros Athéna, Éclipse e L’Intouchable e com La mer ele opera uma mudança na sua escrita. Segundo o autor, quando um escritor deseja fazer essa “virada”, muitas vezes ele recorre ao tema da infância, um período em que a pureza se vai pois tudo acontece pela primeira vez, como afirma o autor. Mas a infância só aparece pelo eco do luto, da morte da esposa do personagem Max. Há a tristeza misturada com a cólera e a brutalidade da experiência. Ele pragueja, diz que essa experiência é para outros e não para eles, que ela não pode deixá-lo, que alguém tem de salvá-lo dele si mesmo.
Max é um crítico de arte e cita muitas vezes Pierre Bonnard, pintor pós-impressionista francês. Ele compara miutas cenas a seus quadros.


O livro é um mar que com o vai e vem das ondas nos traz misturados os momentos da vida adulta e da infância. Ele avança lentamente no tempo presente do luto, depois nos atira, em um parágrafo a um passado não muito longínquo, volta com a maré à reflexão primeira e na profundeza se liga com o passado remoto da infância. O mar é o ativador da memória e o ditador de ritmo da história. Ele dá a beleza das frases, da escolha e encadeamento das palavras (muitas eu não conhecia e assim mesmo senti a beleza). Para terminar, uma foto do mar da Irlanda.

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